Na última rodada do brasileirão 2007, muita, mas muita emoção. Todos os jogos valiam algo, nem que fosse uma mísera vaguinha na Sul-Americana. Mas a emoção mesmo estava na disputa pela última vaga da Libertadores e para fugir do descenso.
Começando pela vaga que todos querem, a da Libertadores. Três equipes chegaram com chance, apesar do Grêmio depender de uma derrota ou empate do Cruzeiro com o América no Mineirão, então de fato havia duas equipes com chance. O Palmeiras era quem dependia apenas de seu resultado, enfrentaria o Atlético Mineiro em casa. Sim, cruzeirenses viraram atleticanos nessa última rodada. E a união foi excelente para o Cruzeiro.
O Cruzeiro fazia facilmente a sua lição de casa e logo abria 2 x 0 no mistão do América. Enquanto isso, no Parque Antártica, o Palmeiras buscou o empate após sair perdendo com um gol de Éder Luis. Edmundo converteu o pênalti sofrido por Rodrigão. O resultado ainda não adiantava para o Palmeiras. E num segundo tempo catastrófico, o verdão sofreu 2 gols e viu assim ruir suas chances de ir para a Libertadores, enquanto o Cruzeiro confirmava a vitória por 2 x 0. Mas curiosamente, a torcida do Palmeiras não saiu do estádio. Estavam aguardando um jogo terminar. O jogo do Corinthians.
Como o Corinthians é um time de um país onde nada é levado a sério, viu-se com o direito de atrasar 20 minutos a sua entrada em campo. Somente no Brasil uma rodada decisiva para não começar ao mesmo horário. E somente no Brasil o treinador divulga a escalação quando entra em campo. Enfim, 'Nelsices' a parte, o Corinthians entrou em campo precisando apenas do seu resultado.
Demorou 20 minutos para entrar em campo, e apenas 1 para levar o primeiro gol: em bola cruzada na área por Bustos, Jonas desvia para abrir o placar para o Grêmio e para o Goiás, pois uma derrota corintiana bastaria um empate para o Goiás escapar.
Mas a festa goiana parou aos 13 minutos, quando o zagueiro Orozco abriu o placar para o Internacional, resultado que recolocava o Corinthians na Série A.
Aos 32 minutos, Élson, que viria a ser o herói da tarde, empatou para os esmeraldinos. Mas numa coincidência impressionante, apenas 40 segundos após esse gol, o Corinthians empatava no Olímpico, com Clodoaldo. E o resultado foi assim levado para o intervalo, 1 x 1 em ambas as partidas, resultado que garantia o timão na elite.
Mas faltavam 45 minutos.
Apenas para não passar batido, o Paraná, que também lutava contra o rebaixamento(dependia de vitória contra o Vasco e tropeços de Goiás e Corinthians), empatava com o Vasco por 0 x 0, mas jogava com um jogador a menos.
As partidas recomeçam e um ar de tensão toma conta de todos, corintianos secando o Goiás e o Brasil secando o Corinthians (isso é fato, quem não era corintiano torcia contra o Corinthians, o que só engrandece o clube paulista). Aos 12 minutos, pênalti para o Goiás. Clêmer pegou a primeira e a segunda cobraça, ambas batidas por Paulo Baier, mas o auxiliar Ilton Moutinho mandou voltar, pois o goleiro colorado se adiantou.
Isso vai gerar muita polêmica ainda. Não se pode contestar quando a regra é aplicada. Mas o que se discute é uma falta de padronização nisso, pois ou todo árbitro manda voltar ou todo árbitro deixa seguir, não pode um tanto mandar e outro não mandar. Clêmer se adiantou, isso é inegável. E é só no Brasil que se manda voltar pênaltis. Nojo.
Na terceira cobrança, Élson bateu e virou o jogo para o Goiás. Com o resultado o Corinthians precisaria virar também.
Nelsinho foi pro desespero e colocou Arce, Héverton e Aílton. Mas apesar da necessidade, o Corinthians não criava nenhuma chance clara de gol. E acabou assim, Goiás 2 x 1 Inter e Grêmio 1 x 1 Corinthians. O Corinthians estava rebaixado para a segunda divisão, tal qual o Paraná, que perdeu de 3 x 0 para o Vasco, mais Juventude e América-RN que já estavam.
O rebaixamento do Corinthians foi justo, tal qual seria o do Goiás, mas o time do Parque São Jorge fez por onde merecer. Crises internas, péssima administração, rolo com a parceria, falta de dinheiro, falta de planejamento, sem contar que o time em si só fez mais gols e teve mais vitórias que o América-RN. Mas os jogadores são os de menor parcela de culpa, não é culpa deles não serem qualificados. Mas esse rebaixamento pode vir a ser o marco para fazer o Corinthians voltar a ser grande. O Grêmio e o Atlético-MG são grandes exemplos, pois, especialmente no caso do time gaúcho, a relação jogador-torcedor aumentou e muito com a ida a Série B. Não é o fim do mundo jogar a Série B, mas é o fundo do poço para um time como o Corinthians.
Outros resultados:
Santos 2 x 4 Fluminense
Náutico 1 x 0 Flamengo
Com isso o Santos assegurou o vice-campeonato e o Flamengo o terceiro lugar.
Atlético-PR 2 x 1 São Paulo
Juventude 2 x 1 Sport
Botafogo 1 x 1 Figueirense
Classificação Final:
1° São Paulo 77, 2º Santos 62, 3º Flamengo 61, 4º Fluminense 61, 5° Cruzeiro 60, 6° Grêmio 58, 7° Palmeiras 58, 8° Atlético Mineiro 55, 9° Botafogo 55, 10° Vasco 54, 11° Internacional 54, 12° Atlético Paranaense 54, 13º Figueirense 53, 14º Sport 51, 15º Náutico 49, 16º Goiás 45, 17° Corinthians 44, 18° Juventude 41, 19° Paraná 41 e 20° América de Natal 17.
Campeão: São Paulo
Vice: Santos
Libertadores: São Paulo, Santos, Flamengo, Cruzeiro e Fluminense
Sul-Americana: São Paulo, Grêmio, Palmeiras, Atlético Mineiro, Botafogo, Vasco, Internacional e Atlético Paranaense.
Rebaixados: Corinthians, Juventude, Paraná e América de Natal
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