Mais uma vez a Argentina chegou a decisão como favorita. Mais uma vez a Argentina tinha um futebol vistoso, que encantava. Mais uma vez a Argentina perdeu. Mais um ano e nossos hermanos vão alugar um salão para celebrar o aniversário de 15 anos sem um título sequer.
O Brasil abriu o placar logo aos 4 minutos de jogo com um lindo gol de Júlio Baptista, após lançamento espetacular de Elano. O meia do Real Madrid cortou pra dentro e fuzilou o gol de Abbondanzieri.
A resposta argentina não demorou. Numa jogada pelo flanco esquerdo, a bola é alçada na área e escorada de cabeça por Verón, deixando na medida para Riquelme encher a bomba de pé esquerdo. Felizmente a bola explodiu na trave de Doni.
O jogo cai um pouco tecnicamente, mas quando volta a esquentar é pra valer. Tevez tenta o domínio na entrada da área, a bola escapa e sobre pra Riquelme chutar de chapa, colocada, Doni faz excepcional defesa.
Aos 39 o Brasil amplia. Ou melhor, Ayala amplia para o Brasil. Após um, dois, de Daniel Alves e Robinho, o lateral/meia do Sevilla centra a bola na área, e Ayala, que já havia levado o corte de Júlio Baptista no primeiro gol, aparece para cortar. Para as redes de Abbondanzieri, 2 x 0. E assim termina o primeiro tempo.
Esperava-se uma Argentina partindo pro ataque já no início da segunda etapa, voltando com Aimar no lugar de Cambiasso, ou até mesmo Mascherano, que parecia que não terminaria o jogo, mas Basile voltou com os mesmos 11 que iniciaram a partida.
Apesar da maior posse de bola argentina, poucas, muito poucas chances efetivas de gol foram criadas, e com o passar do tempo a Argentina ia cada vez se abrindo mais na defesa, e numa dessas saiu o terceiro gol.
Robinho na faixa defensiva esquerda brasileira enxerga muito bem Vágner Love, que avança e corta Mascherano, e mete uma linda bola nas costas de Riquelme (sim, Riquelme era o último homem argentino) para Daniel Alves entrar na diagonal direita e bater cruzado, sem chances para Abbondanzieri. Brasil com uma mão e meia na taça. A Argentina não demonstra mais forças, ciente de que o jogo já estava decidido. Brasil, campeão da Copa América 2007!
Notas:
Doni: Não é goleiro de seleção, mas é inegável que cresceu muito durante a competição, tendo praticado milagres contra Uruguai e Argentina. 7
Maicon: Outro que cresceu muito durante a competição. Defensivamente fez uma partida primorosa. 7.5
Alex: Ganhou todas pelo alto. 8
Juan: Espetacular, não perdeu uma, desarma limpo, antecipa bem as jogadas, com certeza um dos melhores zagueiros do mundo. 10
Gilberto: Tal qual seu companheiro de posição, fez uma partida muito boa defensivamente. 7.5
Josué: Eficientíssimo na anulação da criação argentina. Deu um jeito no meio-campo brasileiro. 8
Mineiro: Excelente na marcação, mas ficou devendo um pouco no apoio. 7
Elano: Jogou pouco, pois logo sentiu uma lesão, mas o suficiente para dar um lançamento genial para o primeiro gol. 7
Júlio Baptista: Partidaça de Júlio Baptista. Fez um golaço e é um leão no meio-campo brasileiro, não perde uma dividida, não perde uma de cabeça, entrou muito bem no decorrer da Copa América. Garantiu seu espaço. 9
Robinho: Prejudicado por uma provável contusão no início da partida, Robinho esteve discreto, longe do que se esperava dele para esse jogo. 6
Vágner Love: Veio buscar bastante o jogo, e deu ótimo passe para o terceiro gol, mas ainda sim ficou devendo ao longo da competição. 6.5
Daniel Alves: Entrou muito bem, e ao contrário do que Galvão Bueno disse, ele NÃO descobriu posição alguma, ele joga assim no Sevilla, ele foi o líder de assistências não só do Sevilla, mas de toda a Liga Espanhola. No gol contra de Ayala, se a bola passa ia certinho nos pés de Vágner Love. Essa é a posição dele. 8.5
Diego: Entrou pra passar o tempo. Sem nota.
Fernando Menegazzo: Tal qual Diego. Sem nota.
Dunga: Alteração inteligentíssima ao colocar Daniel Alves no lugar de Elano, e fica a imagem mostrada dele durante o jogo, Brasil vencendo por 3 x 0, e ele pedindo vibração, luta ao time. É um que bate no peito e diz com orgulho que é brasileiro. Mas também não sejamos ufanistas de achar que está tudo bem, Dunga por diversas vezes foi grosso com jornalistas, não precisa. Mas no geral, nota 7.
Em tempo:
Josué e Mineiro, sem qualquer clubismo, formam uma dupla entrosadíssima. Eles se completam, são dois carrapatos na marcação, quando um sai o outro fica. Gilberto Silva é experiente, excelente jogador, temporada maravilhosa no Arsenal, mas na minha opinião essa deveria ser a dupla titular daqui pra frente.
Doni fez a defesa mais bonita da Copa América em chute de Forlán na semifinal. Falhou no gol contra o México? Sem dúvida. Mas também não fiquemos só com essa imagem na cabeça, nem a imagem do Doni do Corinthians, porque ele evoluiu e muito na Roma.
Juan e Mexés tem tudo para formar a melhor dupla de zaga do mundo nos últimos tempos na Roma. Ainda que Mexés seja vendido, como especula-se, especialmente ligando-o ao Real Madrid (Mexés e Cannavaro), Juan e Chivu ainda sim formariam uma das melhores duplas do mundo. É um jogador até certo ponto pouco reconhecido pela mídia.
Robinho foi o artilheiro de um torneio pela primeira vez em sua carreira. Anotou 6 gols em 6 jogos.
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