15 de novembro de 2010

Porque o Manchester City de Mancini irrita tanto os torcedores

Já são duas temporadas e meia em que o Manchester City torra bilhões de euros em contratações, promete brigar por título, ou ao menos vaga na Champions League, e nada de apresentar algo com cara de time.

Antes de qualquer análise tática, no caso do City é preciso fazer ponderações psicológicas.

Numa abordagem fria, é claro que ter 15, 20 jogadores com condições de serem titulares é bom. Mas não é. Ou alguém acha que vai ser fácil controlar a motivação de um time com Adebayor, Tevez, Balotelli, Roque Santa Cruz e Jô pra mesma posição? Os dois últimos mal ficam no banco (e a situação ainda vai piorar, conforme o andamento do post...).

O mesmo vale pra posição de goleiro. Shay Given fez uma temporada 2009/10 fabulosa, o melhor goleiro da Premier League, um dos cinco melhores do mundo. Inicia-se a nova temporada e Mancini simplesmente escala Joe Hart. Nada contra o jovem goleiro, que é o quê de melhor a Inglaterra tem na posição (algo que não significa, necessariamente, muita coisa), mas é um absurdo deixar o arqueiro irlandês no banco.

Entremos na parte tática.

Como dito há dois parágrafos, os Blues têm fartura de atacantes. Dos cinco citados, apenas Tevez não tem características de centroavante. E eis que o Manchester City de Mancini joga assim:


Ou seja, fartura de atacante e apenas um deles é escalado, sendo que esse um é o único sem características de atacante de área. E como pode alguém, em sã consciência, deixar o Adebayor fora?

Pra piorar, Mancini cismou que o volante Yaya Touré é meia armador. O treinador não deve saber, mas no Barcelona o marfinense era o primeiro volante, volantão mesmo, deixando Xavi e Iniesta trabalharem. E é a graças a tal pensamento que David Silva não pode jogar na sua real função, a de meia central, sendo deslocado para a esquerda. Porém, como é sua característica, o espanhol centraliza muito o jogo, ele nunca será um winger, tal qual James Milner faz no lado oposto.

Pra finalizar, Mancini opta por Jerome Boateng ao invés de Micah Richards, jogador que faz parte da seleção inglesa e que, apesar do físico avantajado, apoia muito bem. E insiste em deixar Lescott, zagueiro pra valer, de fora, pra escalar Kompany, que pode jogar de volante também.

Dito tudo isso, abaixo três sugestões de formação para o City, feitos tanto com opinião própria quanto da mídia em geral.

Formação 1:


- Given, Micah Richards, Lescott e Adebayor voltam ao time;
- David Silva volta à função onde melhor rende;
- Tevez não joga mais sozinho no ataque,
- Dos três meias, Milner é o que mais avança, portanto Micah Richards apoia menos que Kolarov, até porque Barry, em último caso, até pode jogar de lateral esquerdo, se entenderia muito bem com o sérvio em termos de cobertura.

Formação 2:


- Given, Micah Richards, Lescott e Adebayor voltam ao time;
- O 4-2-3-1 é mantido, mas com a óbvia alteração de Tevez jogando aberto, entrando em diagonal, com Adebayor na frente,
- Como Tevez não tem característica de fazer jogada pra linha de fundo, Micah Richards precisaria apoiar mais, portanto os volantes, mesmo que apoiem, fariam mais moderadamente.


Formação 3:


- Given, Micah Richards, Lescott, Adebayor e Balotelli entram;
- A mais agressiva de todas, semelhante ao esquema do Chelsea (na comparação: Yaya Touré/Essien, Barry/Obi Mikel, David Silva/Lampard, Tevez/Anelka, Adebayor/Drogba e Balotelli/Malouda);
- Não há consistência defensiva suficiente pra definir essa formação como a padrão, seria mais pra casos específicos, como enfrentar um Wolverhampton ou Stoke City da vida em casa, ou então em desvantagem no placar.

O mais assustador é que tem dois jogadores com condições de serem titulares que simplesmente não consegui encaixar em nenhuma formação: Patrick Vieira e Adam Johnson.

Agora, o que tira do sério é ouvir do Mancini que ele pretende contratar um centroavante na janela de transferências de janeiro...

Parece piada, né?

7 comentários:

Fernando Gonzaga disse...

na verdade meu amigo, o que falta no Manchester City é humildade e justiça...esse negócio de encher o time de estrelas não passa de uma tentativa frustrada de querer se mostrar um time de ponta...e justiça seja feita, tem muito cara aí sendo escalado apenas com o nome, deixando alguns bons jogadores de fora do time...

a medida certa seria o clube admitir o seu lugar na Premier League, como clube mediano e daí por diante tentar crescer...

abraço!!

Anônimo disse...

Pq o Mancini continua como técnico desse time??

Abraços

Gabriel Campi disse...

É brincadeira mesmo, André. O Mancini deixar um jogador como o Vieira no banco é sacanagem. O City tem um belo elenco, só falta um treinador melhor para que o time encaixe.

Parabéns pela análise, André. Muito boa mesmo.

Abraços!

www.blogfutebolnaveia.blogspot.com

Anônimo disse...

Vamos mandar nosso currículo pra lá?

Admsports disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Admsports disse...

Manchester City se perdeu torrando milhões em todos os jogadores que via durante os sonhos e esqueceu de analisar cada um deles, time tem necessidade real de um zagueiro de peso e um meia esquerdo para cair pelas pontas e ao invés de investir nisso prefere contratar atacantes até ter 5 no elenco,Além de erros bisonhos como citou,do até então bom treinador que tem.


www.admsports.blogspot.com

Lucho Cláudio disse...

A. Renatous, irei em São Paulo lá pelo dia 31/ início de jan, se por acaso você tiver na casa de algum parente na capital ou algo assim, poderemos finalmente discutir futebol pessoalmente.

Um abraço! Entre mais no msn.