São outros tempos, Rita Lee

Acontecem coisas no Brasil que me faz desejar pro país uma política de liberdade de internet semelhante a da China ou Irã.

Rita Lee, rockeira corintiana, expressou-se via twitter reticente ao novo estádio do Corinthians, com medo de onde o clube estaria se metendo, se não seria uma 'furada' tipo parceria com MSI. E criticou, ao jeito dela, o bairro onde será construído, em Itaquera.

Eis que o Fantástico, programa a qual o blogueiro faz questão de não assistir, em seu quadro 'Repórter por um dia', chamou Dentinho para apresentar ao Brasil o terreno onde será feita a obra. Num dado momento, certamente instruído pela emissora, solta um: "E tem gente que ainda critica, né, Rita Lee?", e mostram a 'twittada' da cantora.

Quer dizer que não pode criticar? Quer dizer que todo corintiano tem que estar feliz e não ter medo do clube se endividar? O mesmo raciocínio vale pra Copa do Mundo aqui, aqueles que são críticos são vistos como antipatriotas, como se patriotismo e futebol fossem coisas atreladas.

Ao final, mostram uma moradora de Itaquera dizendo que a cantora estava com dor de cotovelo. Pronto, estava declarada a guerra entre itaqueranos x Rita Lee. E como brasileiro tem o incrível dom de ser influenciado pela emissora diabólica, ela passou a ser ameaçada via twitter, a ponto de precisar excluí-lo.

Ou seja, uma cantora que simboliza o rock nacional em seus tempos mais difíceis, em período de ditadura, ameaçada por uns merdinhas da geração popozuda-rebeldes-nxzero, que devem achar Lady Gaga a melhor cantora da história, Restart melhor que Queen e Justin Bieber mais talentoso que Jimi Hendrix. E não se trata de discussão sobre gosto musical, mas sim pra mostrar como a internet tem o dom de embutir pragas na mente das pessoas.

Rita Lee é de um tempo em que, mesmo com todas as dificuldades do país, em especial econômica, dava pra dizer que as pessoas constituíam uma nação. Hoje é um povo, em seu pior sentido.